terça-feira, 21 de agosto de 2012

Derretimento de geleiras



Um iceberg gigante, de 120 quilômetros quadrados, acaba de se desprender da geleira Petermann, que fica no mar ao longo da costa noroeste da Groelândia, e termina numa gigantesca língua de gelo flutuante. Em 2010, a mesma geleira desprendeu um iceberg com o dobro desse tamanho (250 km²).

Como outras geleiras que terminam no oceano, a Petermann produz icebergs regularmente. Até por conta disso, milhares de “desprendimentos” que liberam icebergs para o mar acontecem todos os anos na Groelândia, dos mais banais a outros muito impressionantes.

Então como podemos saber se os eventos recentes que tanto nos chocam são causa do aquecimento global – e portanto de preocupação – ou são normais?

Segundo os cientistas, é importante ter em mente que esses processos são naturais e periódicos, ou seja, vêm acontecendo desde muito antes de nós, humanos, os observarmos com nossas fotos de satélite.

Porém, não é preciso ser um gênio para notar que, com o aquecimento global, a Terra fica mais quente, e mais gelo derrete. Então, a questão principal é se a frequência desses eventos está mudando ou não, e por quê.
Fatos, suposições e tendências preocupantes

O que é fato é que esses processos naturais acontecem periodicamente mesmo. Também é fato que a estabilidade das camadas de gelo em ambos os polos terrestres depende de vários fatores, como temperatura atmosférica, temperatura da superfície do mar, grau de cobertura do gelo no mar, entre outros.

Outro fato – que gera uma tendência preocupante – é que as margens da geleira Petermann recuaram para um ponto nunca visto nos últimos 150 anos. Ou seja, estão mais “derretidas” do que nunca.

Com isso, vêm as suposições: alguns cientistas acreditam a plataforma de gelo da Groelândia está derretendo, ou diluindo extensivamente por causa das temperaturas quentes; só que nenhum evento deste tipo pode ser atribuído sem dúvidas a alterações no clima.

Podemos dizer com certeza que, nas duas últimas décadas, a Groelândia experimentou um aquecimento significativamente maior do que a média atmosférica global. No mesmo período, o sul da região perdeu cada vez mais “massa” (tanto o tipo de desprendimento como o visto em Petermann quanto simples fusões do gelo de superfície) ano a ano, e os níveis de cobertura de gelo do mar Ártico estão prestes a se tornar um dos mais baixos já registrados.

Só que, a partir daí, acabam-se as conclusões. Não se pode dizer definitivamente as causas de tais fenômenos, e se eles são normais, ou preocupantes. A verdade é que o acúmulo e rompimento das geleiras podem mudar ao longo de períodos que variam de meses a milênios, e os cientistas simplesmente não têm dados suficientes para estabelecer um padrão, porque não observam atentamente esse processo há muito tempo.

A resposta? Como tantas vezes acontece na ciência, o que é necessário são mais observações.

“Se começarmos a ver padrões de desprendimentos em um certo intervalo, em um bom número de geleiras, em um mesmo setor no norte da Groenlândia, então isso seria muito preocupante, e um forte indicador de que há uma mudança ocorrendo, relacionada ou não com o aquecimento da atmosfera ou do oceano”, sugere Jonathan Bamber, diretor do Centro de Glaciologia da Universidade de Bristol (Reino Unido).

Ainda assim, ver o gelo derretendo mais e mais a cada ano é um evento dramático e perturbador de se assistir (imagem abaixo). Para qualquer pessoa consciente da nossa dependência da natureza, a impressão de que estamos fazendo algo errado fica.



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