terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O aquecimento global é apenas um mito?


A resposta é: certamente não.

Embora muitas enquetes mostrem que a população pensa que os cientistas estão divididos quanto à existência de mudanças climáticas causadas por humanos, a literatura cientifica ilustra claramente que a maioria esmagadora dos cientistas defende que nossa emissão de CO2 está esquentando a Terra.

James Lawrence Powell, autor de The Inquisition of Climate Science (em português, “A Inquisição da Ciência do Clima”) e diretor executivo do Consórcio Nacional de Ciência Física americano, resolveu fazer uma pesquisa de publicações científicas sobre o aquecimento global revisadas em periódicos respeitados para saber se a maioria dos cientistas endossava a mudança climática causada pelo homem, ou rejeitava essa ideia, ou ainda acreditava que o aquecimento global tinha outra causa que não humana.

Sua metodologia foi a seguinte: usando o Web of Science, uma ferramenta de publicação científica online, ele procurou por artigos científicos publicados entre janeiro de 1991 e 9 de novembro de 2012, revisados por outros cientistas, com as palavras-chave “aquecimento global” ou “mudança climática global”.

A pesquisa produziu 13.950 artigos. Em seguida, Powell leu todos os títulos, resumos e artigos completos necessários para identificar as publicações que “rejeitavam” o aquecimento causado pelo homem.

Para ser classificado como “rejeitador”, o artigo tinha que clara e explicitamente afirmar que a teoria do aquecimento global é falsa ou, como aconteceu em alguns casos, que algum outro processo melhor explica o aquecimento observado.
Artigos que apenas alegavam ter encontrado alguma discrepância, alguma pequena falha, alguma razão para dúvida, não foram classificados como “rejeitadores” do aquecimento global.

Não é a primeira vez que alguém faz este tipo de pesquisa. A pesquisadora Naomi Oreskes publicou seu estudo na revista Science em 2005, no qual buscou artigos publicados entre 1993 e 2003 com a frase-chave “mudança climática global”.

Ela encontrou 928 artigos, leu os resumos de cada um e os classificou. Sua conclusão: nenhum rejeitava a origem humana do aquecimento global.

Powell chegou a uma conclusão muito parecida. Na sua pesquisa, apenas 24 dos 13.950 artigos, ou seja, 0,17% ou 1 em 581, claramente rejeitavam o aquecimento global ou endossavam uma outra causa do que as emissões de CO2 para o aquecimento observado

Os 24 artigos foram citados um total de 113 vezes durante o período de quase 21 anos, uma média de cerca de 5 citações cada, comparado a uma média de cerca de 19 citações de artigos sobre o “aquecimento global”, por exemplo (4 dos artigos rejeitadores nunca foram citados, e o mais citado tem apenas 17 citações).

Se algum desses artigos mostrasse claramente que não temos nada a ver com o aquecimento global, esperava-se que fossem mais citados.

“Negadores do aquecimento global” muitas vezes alegam que o preconceito os impede seus achados de publicar em revistas e jornais. Mas 24 artigos em 18 revistas diferentes fazendo vários argumentos diferentes contra o aquecimento global mostram que essa afirmação é falsa, que artigos rejeitando o aquecimento global podem – e são – publicados, embora os que tenham sido ganharam pouco apoio ou notabilidade, até mesmo de outros negadores.

Segundo Powell, qualquer um pode repetir sua pesquisa e publicar suas descobertas. Com padrões ligeiramente diferentes de busca, outras pessoas poderiam obter um número ligeiramente diferente de artigos rejeitadores, mas ele acredita que ninguém será capaz de chegar a qualquer conclusão diferente de que, dentro da ciência, a negação do aquecimento global não tem praticamente nenhuma influência.

“Na verdade, a influência [dos negadores do aquecimento global] vem da mídia, de políticos e de todos os demais dispostos a negar a ciência para seu próprio ganho, e de um público crédulo”, opina Powell.

De fato, com certeza não são os cientistas que discordam sobre o aquecimento global causado por humanos. As publicações científicas são bastante uníssonas na nossa provável culpa. Será que somos nós que não estamos querendo aceitar o fardo?

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