terça-feira, 19 de março de 2013
Brasil vence queda de braço com Japão e China por defesa de tubarões
Brasil e aliados conseguiram colocar tubarões e arraias na lista de animais cujo comércio internacional será controlado. A decisão foi tomada na 16ª Conferência da Cites (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção), que se encerrou nesta quinta-feira (14) em Bangcoc.
As propostas apresentadas pelo Brasil defendendo cinco espécies de tubarão e duas de arraia foram aprovadas com dois terços dos votos na segunda-feira (11), mas Japão, China e aliados africanos tentaram reabrir o debate nesta quinta, numa queda de braço diplomática no último minuto.
O bloco dos opositores às restrições comerciais precisava conseguir um terço dos votos para retomar o assunto, mas as três tentativas foram derrubadas pela maioria em favor do controle do comércio de tubarões.
A inclusão das espécies na lista da convenção significa que as exportações passam a ser restritas e condicionadas a certificados de sustentabilidade.
Entram para a lista de exportações controladas três espécies de tubarão-martelo, o tubarão galha-branca-oceânico e o tubarão-marracho; além das arraias manta-oceânica e manta-dos-recifes.
"Nossa diplomacia foi vitoriosa. Tivemos 100% de aproveitamento", avaliou o chefe da delegação brasileira, Paulino Franco de Carvalho Neto, que articulou as propostas junto aos Estados Unidos, União Europeia, Costa Rica, Equador, Honduras e Colômbia, entre outros países.
Representantes da ONG brasileira "Divers for Sharks", Paulo "Pinguim" Guilherme Cavalcanti e José Truda Palazzo Jr. comemoraram a decisão com palmas no plenário, mas esperavam uma postura mais agressiva do Brasil.
"Sem a pressão das ONGs, o governo brasileiro não teria se mexido. A temática ambiental é diplomacia ornamental", afirmou Palazzo.
"O Brasil copatrocinou a proposta e se mostrou um líder forte, desempenhando um grande papel", disse à BBC Brasil Elizabeth Wilson, diretora de proteção aos tubarões da ONG Pew Charitable Trusts.
Comércio
Apoiados pelas indústrias pesqueiras de seus países, China e Japão lamentaram a mudança por razões econômicas. O chefe da delegação de Pequim afirmou em discurso no plenário que "a China está dedicada a combater o comércio ilegal. Mas será difícil, se não impossível, controlar o comércio de tubarões".
O país é o maior consumidor mundial de barbatanas de tubarão, iguaria extremamente popular por estar associada à prosperidade.
De acordo com estimativas da ONG Sea Shepherd, a cada ano cem milhões de tubarões são mortos no mundo todo. O valor de venda de um animal oscila entre US$ 150 (R$ 300) e US$ 300 (R$ 600).
Somente em 2012, o Brasil exportou legalmente 39 toneladas de barbatanas de tubarão, somando US$ 1,7 milhão (R$ 3,4 milhões). Estima-se que mundialmente sejam capturados anualmente de 1,3 milhão a 2,7 milhões de tubarões martelos (de 49 mil a 90 mil toneladas) para abastecer a demanda internacional por barbatanas.
Todos os 178 países participantes da Cites terão 18 meses para adotar medidas de controle ao comércio das espécies.
A conferência discutiu regulações no comércio de animais em perigo de extinção, e os debates desse encontro incluíram mais de 70 espécies de fauna e flora, além de aspectos técnicos de regulação comercial.
A próxima conferência deverá ocorrer daqui a três anos, na África do Sul.
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Um comentário:
palmas pra ONG Divers for Sharks, na figura do Truda e do "Pinguim", citando o Truda no blog O ECO:
"fazer parte do trabalho pesado de cavocar votos finais e expor a corrupção japonesa. Com ajuda local, descobrimos onde o Japão estaria dando uma festinha ontem à noite para “convencer amigavelmente” delegados africanos e caribenhos a reverterem os votos pró-tubarões na Plenária. Com a ajuda de amigos mergulhadores, lá fomos nós melar a festa, fotografando e filmando a debandada geral quando se deram conta de que a bandalha estava sendo registrada"
link do video: http://www.youtube.com/watch?v=vf2pBRjCiYM
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