terça-feira, 11 de setembro de 2012

Investigadores propõem técnica para diminuir intensidade de furacões

Aumentar quantidade de nuvens aumenta reflexo da luz solar e arrefece superfície dos oceanos.


Uma equipa de cientistas propõe-se pulverizar nuvens (cloud seeding) para diminuir a temperatura superficial do mar onde se formam os furacões. Num artigo publicado na «Atmospheric Science Letters», os investigadores afirmam que a técnica poderá reduzir a intensidade dos furacões.

A equipa centrou-se na relação entre a temperatura à superfície do mar e a energia associada com o potencial destrutivo dos furacões. Em vez de se pulverizar as nuvens da tempestade ou do furacão directamente, a ideia é pulverizar as nuvens Stratocumulus marinhas (que cobrem uma quarta parte dos oceanos do mundo) para evitar a formação dos furacões.

“Os furacões obtêm a sua energia a partir do calor que existe nas águas superficiais do oceano”, explica Alan Gadian, da Universidade de Leeds. “Se formos capazes de aumentar a quantidade de luz solar que é reflectida pelas nuvens acima da região onde se desenvolvem os furacões, então haverá menos energia para os alimentar”.

Os autores propõem a utilização de uma técnica conhecida como Marine Cloud Brightening (MCB). A ideia é pulverizar com veículos não tripulados gotas de água do mar, uma boa parte das quais se transformaria em nuvens, aumentando assim a humidade e, portanto, também a reflectividade. Desta forma, é luz é reflectida de volta ao espaço o que reduz a temperatura da superfície marinha.

Pelos cálculos efectuados, que se baseiam no modelo de clima HadGEM1, a técnica poderá reduzir o poder dos furacões em desenvolvimento numa categoria.

Os dados mostram que nas últimas três décadas a intensidade dos furacões no Atlântico Norte, na Índia e no Oceano Pacífico aumentou. “Simulámos o impacto da pulverização nestas três áreas, com ênfase nos meses de Agosto, Setembro e Outubro, época em que se concentram os furacões no Atlântico”.

Uma desvantagem desta técnica é o impacto que pode em termos de precipitação nas regiões vizinhas. A equipa admite que a pulverização no Atlântico poderia dar lugar a uma redução significativa das precipitações na bacia do Amazonas e em outros lugares.

“É necessário fazer mais investigação e sabemos que a pulverização de nuvens não deve implementar-se até estarmos seguros de que não haverá consequências adversas em relação à precipitação”, conclui Gadian. Se os nossos cálculos estiverem correctos, a técnica poderá ser de grande valor para reduzir o poder destrutivo dos furacões.

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